terça-feira, 8 de setembro de 2015

Pela luz dos olhos teus

Pela luz dos olhos teus
                   Vinicius de Moraes


Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é, meu Deus
Que frio que me dá
O encontro desse olhar

Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar
Meu amor, juro por Deus
Me sinto incendiar

Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus
Já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus
Sem mais larirurá

Pela luz dos olhos teus
Eu acho, meu amor
E só se pode achar
Que a luz dos olhos meus
Precisa se casar



segunda-feira, 7 de setembro de 2015


 Vinicius de Moraes 

A Rosa de Hiroshima 

Vinicius de Moraes (1913-1980) concebeu o poema mencionado logo após os Estados Unidos lançarem a primeira das duas bombas nucleares sobre o solo japonês, em agosto de 1945. Sendo contemporâneo desse evento trágico, o poeta procurou registrar com sensibilidade o terrível impacto provocado pelo emprego dessa arma de destruição em massa contra a população civil. Das duas cidades japonesas atingidas pelas bombas, Hiroshima e Nagasaki, o poema, como o próprio título indica, trata da primeira delas.

A Rosa de Hiroshima


Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.